segunda-feira, 9 de julho de 2012

Armação Ilimitada

Dia 17 de maio de 1985 estreou o que viria ser a primeira (e única) série de cultura surf do TV brasileira, a Armação Ilimitada, aventura, 45 min.



Os heróis Juba e Lula ( Kadu Molterno e André de Biase) foram inventados pelos próprios atores, que se encontraram um dia,  numa sessão de surf e decidiram produzir algo juntos. Os dois já tinham experiências em cinema (André, em Menino do Rio) e TV (Kadu, em Partido Alto), ambos interpretando os primeiros personagens surfistas que surgiram dentro da dramaturgia brasileira.


O autor Antônio Calmon e o diretor Guel Arraes compraram a idéia,  incorporando a dupla de atores que além de surfistas tinham  a disposição necessária  para enfrentar cenas de ação como verdadeiros dublês em cenas de vôo livre, motocross, skate, montaria, e muitas outras modalidades,  exatamente como seus personagens,  na ficção.

Na trama, Juba e Lula são sócios em uma empresa de serviços,  prontos para qualquer desafio no ar, no mar e na terra, (Ar Mar Ação) a Armação Ilimitada, situada na Zona Sul do Rio de Janeiro. Como não podia faltar uma heroína, Zelda Scott (Andréa Beltrão)  entra em cena na pele de uma repórter dedicada, que vive sendo colocada em frias por seu chefe carrasco (Francisco Milani). Zelda vem a ser a namorada de Juba e Lula juntos. Caretisse zero.


Muito do sucesso da série tem a ver com a atmosfera dos anos 80, que inspirava um certo clima de anarquia pós ditadura,  aliado a uma grande fome de aventura por parte da infância "baby boomer" dos brasileiros nascidos entre as décadas de 70 e 80 que se identificaram prontamente com os personagens da Armação,  que contava inclusive com o pequeno Bacana (o ator mirim Jonas Torres) como representante dessa geração da qual Juba e Lula se tornaram heróis incontestáveis.


Diálogo entre Bacana e Juba, na praia:

Bacana -Vou ser um bom surfista? Surfista pega muita garota... Todas tomam pílula, né?

Juba - Acho que sim.

Bacana -Aínda bem, eu sou muito pequeno para ser pai.

PS: Genial!







 Feita para cativar o público adolescente, a série usa e abusa de trucagens em vídeo como sobreposições, máscaras, divisão de tela, chroma key, e outros efeitos que tornaram popular a linguagem de videoclip na época. Com personagens de espírito livre e brincadeiras politicamente incorretas, Armação Ilimitada se concretizou como uma obra única, sem chance de remake, que trazia em meio a cenas de explosão, humor e pegação, muito da verdadeira cultura Surf da época em que circulavam pelas praias do Rio nomes como Pepê Lopes, Petit, Tito Rosemberg, entre outras lendas entre o mar e o céu.

        Pepê Lopes - foto: Fedoca


 Curta um pouco a vibe!

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Austrália - Fábrica de Campeãs

O Brasil é a bola da vez quando se fala em futebol, jogos olímpicos e fontes de energia. Mas na hora de apoiar os atletas, o Brasil tem muito o que aprender com outros países, no caso a Austrália,  pela abordagem do Surf feminino.

    A tetracampeã  Stephanie  Gilmore - Vitória no Hawaii

Alguns podem dizer que isso se deve ao fato de que na Austrália,  o Surf é o esporte nacional, gerações dividem o outside, famílias inteiras surfam unidas, mas a verdade é que o tal estigma de "surfista vagabundo", literalmente não pega por lá.

Sempre que surge uma surfista , aínda menina, inspirada nas ondas do mar, todo suporte é prontamente oferecido por órgãos do governo como o Australians Sport Comission (ASC) para que ela treine para ser uma surfista profissional e trazer conquistas para sua terra. E a conquista mais importante de todas é sem dúvida,  a coroa de campeã mundial (ASP Women's World's Crown),  que vem sendo mantida majoritariamente em terras australianas pelas últimas décadas.

Desde 1998, apenas duas surfistas quebraram o domínio aussie:  A peruana Sofia Mulanovich em 2004 e a  havaiana Carissa Moore no ano passado,  sendo que Sofia foi a primeira sul-americana campeã do mundo e Carissa, foi a primeira mulher a competir com os homens na Tríplice Coroa Havaiana (2011). Mas foi a americana Lisa Andersen que quebrou a hegemonia aussie por um maior período de tempo, com 4 vitórias consecutivas (1994-1997).


Carissa aínda criança - ganhando tudo - Carissa campeã mundial - Capa da revista Surfer

A TWO WAVE TOTAL

Lançado pela Surfing Australia (Youtube) o video "A Two Wave Total" expõe exatamente essa face guerreira do surf australiano através de uma análise do atual cenário do surf feminino durante a temporada de 2012, focando na preparação física e emocional da melhor leva de surfistas mulheres de toda história do esporte.

"A Two Wave Total", dá esse panorama mais amplo sobre o surf de alta performance, visto pela perspectiva australiana, ou seja,  pelo lado da vitória, mas sem milagres,  com muito sacrifício,  dando foco na natureza cruel de um mundo ultra-competitivo,  onde tudo o que importa para uma atleta no final das contas,  é o total das suas duas melhores ondas.

O vídeo revela que as profissionais aussies contam com o suporte de um "centro de treinamento de alta performance" (Surfing Australia Hight Performance Center) que funciona como uma "faculdade de surf" onde as garotas analisam e corrigem estilos, fazem treinos específicos, têm acesso á medicina de alta tecnologia para recuperação de lesões, etc...


Um alto investimento que tem gerado grandes resultados como Sally Fitzgibbons (ranking n 2) que está disputando o seu possível primeiro titulo mundial,  homem a homem,  com a sua compatriota, a 4 vezes campeã mundial Stephanie Gilmore (ranking n 1). "Aqui temos acesso á todo conhecimento dos pros": comenta Steph, sobre a organização sustentada pelo governo australiano em parceria com a Hurley e outros - lista de parceiros.



Tudo isso demonstra não apenas o domínio da técnica de vencer como a imensa paixão que o povo australiano dedica ao surf, provendo recursos e atribuindo valor aos seus atletas, que contam com apoio total, familiar e governamental, passando por diversas possibilidades de apoios por parte de empresários locais,  até que se chegue á conquista de grandes patrocinadores.

"Isso chega a ser comovente para quem vive em um país onde o governo é orgulhoso de sediar eventos esportivos, mas se ausenta da responsabilidade de formar atletas e mais do que isso, mantê-los em atividade competitiva" Fica a dica.

Mas o filme também questiona a dura profissão de surfista, que quando levada a sério,  demanda muito treinamento físico mas principalmente emocional para suportar, além dos desafios do próprio esporte, toda a pressão pessoal e externa, além da certeza de que sem resultados, perder a vaga na elite é só uma questão de tempo.

Quem disse que vida de surfista é fácil? Quem quer a melhor profissão do mundo, também deve estar pronta para os maiores desafios do planeta!